Dito isto, o leitor poderá muito bem pensar, e daí? Se alguém quer se tratar com gotinhas de água é problema dele. Por outra parte, o efeito placebo também é um efeito e pessoas podem encontrar alívio aos sintomas de algumas doenças. Nada a objetar quanto a isto. Mas seria correto tratar com uma terapia pseudocientífica crianças inocentes pelas quais somos responsáveis? É correto gastar dinheiro público em pesquisas e tratamentos que a ciência reprova há décadas?
Para se ter uma ideia, nosso CNPq junto com a ANVISA, acaba de abrir um edital para subsidiar pesquisas sobre homeopatia. Numa crise de verbas tão aguda como a que vivemos, que ameaça de morte pesquisas realmente relevantes sobre zika, dengue e tantas outras, faz algum sentido esse gasto numa terapia que já foi profundamente pesquisada e rejeitada? Que estudo resta fazer?
Neste sentido, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC) acaba de dar um passo importante para impedir que o consumidor seja ludibriado pela propaganda dos produtos homeopáticos. Vendidos livremente nos balcões das farmácias, estes produtos não serão acusados de propaganda enganosa se ficar claramente registrado que:
1) não há nenhuma evidência científica de que o produto funciona; e
2) as alegações sobre a validade do produto são baseadas apenas em teorias homeopáticas do século 18, que não são aceitas pela maioria dos especialistas médicos modernos.
Assim, a decisão da FTC não proíbe a venda, mas exige que os consumidores sejam alertados sobre aquilo que estão consumindo.
Seria salutar se nossas autoridades tomassem uma atitude semelhante.
ResponderExcluirNão podemos exigir dos nossos governantes que sejam inteligentes, por extensão não podemos exigir que sejam escrupulosos e éticos.
Eles que acreditam na sorte; que pulam e aplaudem alegremente quando conseguem impor “democraticamente” uma lei auto-beneficente; estes que se acreditam serem tocados por um ser superior; que quando doentes são internados nos melhores hospitais do pais e ou do exterior; estes que conseguem os tratamentos melhores e mais caros, vão nos deixar com o SUS e agora para piorar, com frascos de água; para estes é muito mais lucrativo dar água benta em vez de remédios.
Agora, sem mudar de assunto mais mudando, isso de que existe a memória d’água, creio seja um equívoco de tradução ou algo assim. Vemos que a memória deve ser do homeopata alquimista, porque após ter feito tantas “dinamizações” não poder esquecer qual era o produto primordial, já que ao final nem pelo cheiro. Mas fazem isso só para colocar um nome de identificação e ter mais garrafinhas diferentes para os colecionadores, já que como todos sabem, exceto os pobres incautos, isso de “similia similibus”, elas por elas termina sendo o mesmo subproduto.
Sabemos que no futuro a escassez de água vai determinar um aumento do valor do produto pela oferta e demanda. Será que homeopatia é algum tipo de profecia? Podemos constatar que os produtos homeopáticos são a água mais cara do Universo.
Possivelmente num futuro não muito distante, os nossos governantes vão ver que é mais lucrativo vender água com nome homeopático do que pela Sabesp. Só nos faltava essa.